No mercado de tecnologia, soluções, ferramentas e novas empresas surgem na mesma velocidade que a transformação digital avança e muda o mundo do trabalho.
Segundo pesquisa lançada em fevereiro pelo IDC, o mercado de TI neste ano deve crescer 10,5% só no Brasil. E 6,8% deste crescimento é atribuído a softwares e serviços.
No entanto, embora os números sejam animadores, enfrentar o concorrente é parte do negócio e o maior competidor nem sempre está no mesmo ramo de atividade, mas sim dentro de cada cliente.
Uma das maiores barreiras para a evolução tecnológica é a cultura organizacional.
Especialistas no assunto costumam explicar o conceito como como a argamassa que sustenta os tijolos e blocos para o crescimento da empresa.
Ela exerce uma função de unir os blocos harmonicamente, a ponto de proteger a estrutura de possíveis deformações.
No entanto, essa argamassa precisa ser retocada e muitas vezes refeita para continuar a ser o suporte da estrutura.
A exemplo da argamassa, a cultura corporativa é o suporte da empresa e determina sua estabilidade futura.
O escritor e professor Peter Drucker costumava dizer que “a cultura devora a estratégia no café da manhã”.
Ou seja, sem cultura corporativa madura não há evolução ou tecnologia que avance, por mais adequada que seja.
A cultura define como uma empresa trabalha, o modo como ela resolve os problemas e direciona as vantagens competitivas do negócio.
Bloqueios
Um dos maiores inimigos da jornada de crescimento é o “good enough”, que reflete a cultura do imediatismo. Aquilo que for bom o suficiente tem um funcionamento paliativo.
Ou seja, soluções parciais que atendem a apenas uma parte do ambiente são tidas como suficientes.
Mas a médio ou longo prazo precisam ser revistas e acabam saindo mais dispendiosas do que se fossem bem dimensionadas pela primeira vez.
Muitas vezes este comportamento também está fortemente associado à escolha baseada no preço.
Por exemplo, existem alguns bons recursos online e gratuitos para compartilhamento de arquivos.
Mas com funções limitadas. Um serviço pago, desenhado para atender às necessidades das companhias, vai além.
Ele pode trazer criar camadas de segurança e fornecer controle sob o que o destinatário pode ou não fazer com o documento, evitando fraudes e garantindo rastreamento.
Segurança
Outra dificuldade cultural é a abordagem para a segurança das informações. Afinal, em nome da proteção ao ambiente, é comum que se opte por soluções poucos flexíveis.
Neste cenário, limita-se o trabalho dos funcionários. Mesmo existindo diversas soluções que forneçam alta segurança e flexibilidade, a resistência por parte dos gestores com novidades ainda é grande. Principalmente em relação a ferramentas baseadas em cloud.
Do ponto de vista da TI, os processos podem ser complexos. Segundo a pesquisa State of Digital Business Transformation, conduzida pela IDC, o terceiro maior obstáculo na jornada da transformação digital é série de dificuldades que vêm com a integração de sistemas críticos legados.
Assim, se os processos não forem concluídos com êxito, o prejuízo pode afetar a maioria das organizações.
Mesmo com diversas ofertas, a resistência para a atualização dos equipamentos e a migração dos legados vêm da dificuldade de mudar o modus operandi.
O mercado da tecnologia está em ebulição, mas a cultura organizacional que não foca na inovação é um banho de água fria no setor.
E mesmo que os números sejam animadores, essa cultura precisa estar alinhada com os objetivos para refletir novos posicionamentos.
Não existe culturas boas ou ruins, mas sim as fortes e as fracas, e são essas últimas minam a competitividade.
Por isso, enquanto os clientes ainda tiverem dificuldades para sair da zona de conforto para aderir ao novo e mais eficiente, o competidor vai continuar firme dentro de casa.
- Luis Banhara é diretor geral da Citrix Brasil