Um botão de cerca de 10 milímetros de diâmetro. Isso é o que todas empresas, de todas as verticais, estão buscando.
A perfeita aplicação vai prover, para o usuário de dispositivos móveis, a perfeita UX (experiência do usuário).
O centro dessa UX é “o” botão, o elemento da interface que resolve de forma instintiva, rápida e certeira o anseio do usuário.
O botão deverá acionar o aplicativo rodando no smartphone e no tablet, no relógio e na pulseira.
Essa tendência é tão forte que o conceito de um botão ou “green button” saiu do mundo digital e chegou à vida real.
É o caso de um banco de investimentos que conta, hoje, com salas de reuniões – espaço onde investidores podem interagir com consultores presentes localmente e com pessoas do outro lado do mundo, via videoconferência – totalmente personalizadas.
O conhecimento sobre as preferências do investidor alimenta a aplicação de gestão de sala de reunião, que é pré-configurada de acordo com o gosto do cliente: luminosidade, temperatura, configuração da videoconferência, disposição dos móveis etc.
Ao se sentar, o cliente tem acesso a um tablet que traz, na tela, um único elemento: o green button (botão verde). Ao pressionar esse botão, a sala ganha vida, e reunião acontece.
A verdade é que, qualquer que seja o universo (real ou virtual), a meta de todo o mercado é chegar ao Santo Graal da interface com os usuários.
Isso é algo que muitos buscam, mas poucos alcançam. O resultado dessa situação é uma experiência do usuário truncada, que não engaja o consumidor e não gera negócios.
A razão do prejuízo é simples: a boa UX é fácil, a má UX irrita o usuário.
Durante muito tempo, criar uma experiência ótima para o usuário foi um item de luxo da estratégia de negócio.
Um ótimo produto só tinha de funcionar para, em seguida, ser lançado. Uma boa experiência era uma grata surpresa, não uma exigência.
Os tempos mudaram. Especialmente no caso dos negócios digitais, o grande diferencial, hoje, é a experiência do usuário.
Um estudo recente da Forrester Research aponta que uma interface com o usuário bem projetada pode elevar a taxa de conversão de um portal de comércio eletrônico em até 200%.
O mesmo estudo mostra que a excelente UX pode produzir taxas de conversão de até 400%.
Para gerar negócios, a boa UX deve ser clara e não provocar dúvidas.
Voltando ao mundo dos apps: é comum que muitos desenvolvedores se esforcem para acrescentar o máximo possível de funcionalidades às aplicações móveis.
Isso raramente funciona. Para usuários de primeira viagem, nada é mais confuso do que um app com excesso de recursos e opções.
Acredito que os aplicativos de maior sucesso são altamente focados e apresentam, a cada momento da navegação, um conjunto limitado de funcionalidades.
Em outras palavras: um único botão que, ao ser pressionado, resolve o desafio imediato daquele usuário.
Um famoso dito de Antoine de Saint-Exupéry pode ser aplicado ao projeto de UX para dispositivos móveis: “A perfeição é atingida quando não há mais nada para tirar”.
Num projeto para smartphones e tablets, é essencial livrar-se de qualquer coisa que não seja absolutamente necessária. Veja abaixo sugestões de como reduzir o entulho da aplicação.
Seis passos para criar o botão que gera negócios:
Priorize uma única ação por tela. Tente projetar cada tela para uma única coisa, com um único estímulo à ação e um único botão. Várias telas limpas são sempre melhores do que uma única tela entulhada.
Faça com que a entrada de dados seja a mais eficiente possível. Quando possível, apresente opções em vez de campos para preenchimento. É mais fácil escolher a partir de uma lista de opções pré-definidas do que digitar uma resposta.
Evite usar links sublinhados em aplicativos para dispositivos móveis. Links sublinhados são parte integral do navegadores, mas não podem ser aplicados a experiências de dispositivos móveis. Um bom aplicativo móvel usa botões, não links.
Forneça alvos de toque com dimensões confortáveis. Crie botões que meçam no mínimo de 7 a 10 milímetros, para poderem ser acionados com precisão por um dedo.
Tamanho = importância. O tamanho do botão deve ser determinado pelo grau de importância da ação específica que deve ser realizada.
Misture AI e UX. Talvez o verdadeiro transformador da UX será a interface com um único botão acionado por AI (sigla em inglês de inteligência artificial). A meta é apresentar às pessoas a ação certa, no momento certo, de forma personalizada.
Para terminar, lembre-se:
Não perca de vista as emoções que você quer que o usuário final sinta enquanto percorre a sua interface.
Pode ser um senso de urgência, compaixão ou empolgação. O importante é você dar a ele uma razão para clicar no seu botão.
Nosso cérebro (e nosso dedo) é posto em ação por emoções. Atualmente, as pessoas esperam muito dos apps para dispositivos móveis, e as expectativas estão apenas aumentando.
Aprimorar a experiência do usuário não é uma tarefa pontual: é uma busca permanente. Isso pode ser realizado a partir de três vetores.
O primeiro é imergir na realidade do usuário – algo fundamental para vivenciar a frustração que o cliente pode estar experimentando.
Essa imersão (empatia pura) colabora, também, com a construção do mapa dos caminhos do cliente na aplicação.
O próximo passo é compartilhar percepções e conhecimento com todas as áreas da empresa, não somente a de desenvolvimento.
E, por fim, a estratégia mais importante: aderir à cultura da aprendizagem contínua. Nunca descanse sobre as conquistas de uma boa UX.
Um ambiente com excelente UX é uma casa para onde sempre queremos voltar. Esse é o verdadeiro Santo Graal da economia digital.
- Paulo Henrique Pichini é CEO e presidente da Go2neXt