Apesar do avanço de fontes renováveis, os combustíveis fósseis continuam a ser muito importantes para fazer frente à demanda crescente de energia. O consumo energético global deve aumentar 50% nos próximos 25 anos.
Atualmente, o setor de petróleo e gás enfrenta o desafio de identificar novos recursos. Poços precisam atingir profundidades cada vez maiores.
Diante desse cenário, a equipe brasileira da IBM Research e a Petrogal Brasil, subsidiária da portuguesa Galp, desenvolveram um protótipo que usa inteligência artificial para auxiliar geocientistas a identificar e avaliar postos exploratórios e a interpretar imagens sísmicas.
“O trabalho de análise sísmica necessita de muita interpretação visual de imagens”, afirma Ulisses Mello, diretor do Laboratório de Pesquisa da IBM Brasil. “É similar ao que vemos na área de saúde, com imagens médicas que requerem um conhecimento intrínseco do profissional de saúde para fazer avaliações.”
Segundo Mello, os profissionais que trabalham com exploração acabam por dedicar pelo menos 50% de seu tempo à análise de imagens.
“Os sistemas convencionais de análise de dados requerem uma avaliação manual”, explica. “O profissional precisa avaliar e interpretar imagem por imagem. A tecnologia utilizada neste projeto vai acelerar a produtividade e trazer conhecimentos que muitos profissionais ainda não têm, seja pela falta de experiência ou de tempo.”
O objetivo do protótipo é ajudar os cientistas a:
- desenvolver modelos geológicos aprimorados;
- avaliar riscos de forma mais rápida e eficiente para novos postos de exploração; e
- otimizar a construção de novos poços de petróleo.
Aprendizado de máquina
O sistema foi treinado a partir de diversas interpretações sísmicas e trabalhos de campo já existentes. A tecnologia aprende com a inserção de novos dados e a interação com os usuários.
Dessa forma, a inteligência artificial consegue examinar um grande conjunto de dados sísmicos tridimensionais e identificar estruturas geológicas que possam suportar petróleo e gás.
O protótipo ainda está em fase de testes, em bacias brasileiras.
“Sabemos que haverá um aumento significativo na performance e estamos, neste momento, montando uma metodologia para essa medição de forma sistemática”, afirma Mello. “Ainda não temos números concretos, mas existe o entendimento de que o speedup será elevado.”
Os investimentos foram feitos pela Galp, e está sob análise da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para ser classificado como projeto de pesquisa e desenvolvimento.
A aplicação de inteligência artificial a recursos naturais é uma das áreas foco de pesquisas da IBM.
Além do projeto com a Galp, o laboratório desenvolveu um projeto de aprendizado de máquina com a Shell, um trabalho em mineração com a Goldencorp e outro de agricultura digital aplicada a biocombustíveis.