Como fica a privacidade de dados num mundo autônomo

Robôs que fazem entregas necessitam do compartilhamento de dados de localização / Eric Fischer/Creative Commons
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Mundo autônomo: Robôs que fazem entregas necessitam do compartilhamento de dados de localização / Eric Fischer/Creative Commons
Robôs que fazem entregas necessitam do compartilhamento de dados de localização / Eric Fischer/Creative Commons

Somos uma empresa de inteligência de localização. Portanto, é essencial que busquemos persistentemente compreender melhor como a inteligência de localização é gerenciada e as atitudes das pessoas em relação à privacidade de dados.
Para entender com mais profundidade esse tema, concluímos recentemente um estudo global e os resultados apontaram quais práticas de privacidades podem ser aceitáveis em um mundo onde tudo está conectado.
Nosso estudo reuniu os pontos de vista de mais de 8 mil pessoas de oito países e incluiu entrevistas com especialistas internacionais em privacidade. O Brasil foi um dos países que participaram da pesquisa.

Mais transparência

Vinicius Ferreira, da Here Technologies / Divulgação
Vinicius Ferreira, da Here Technologies / Divulgação

As pessoas geralmente não confiam que os serviços que coletam seus dados de localização manipularão esses dados adequadamente.
Se o mundo quiser adotar serviços conectados como carros autônomos e entregas por drones, pessoas e empresas vão ter de repensar fundamentalmente a questão de como dados de localização são coletados e usados.
Oitenta por cento dos entrevistados não confiam em como as empresas lidam com os dados de localização, e 84% das pessoas não confiam que as leis e regulamentações efetivamente garantirão que os dados de localização não sejam usados intencionalmente de forma inadequada.
Para ser breve: compartilhar dados de localização gera sentimentos de ansiedade e vulnerabilidade, evocando medos de roubo, espionagem ou danos pessoais.
Esses tópicos estavam presentes durante o período em que os pesquisados responderam às nossas perguntas. No entanto, apenas 22% das pessoas pesquisadas verificam e atualizam as configurações de dados de localização de maneira proativa.
Mesmo entre aqueles que se identificam como “especialistas em tecnologia”, apenas um terço verifica regularmente suas configurações de privacidade de localização.
Isso deixa espaço para um cenário em que, ao instalar um aplicativo, um usuário pode conceder permissão para o aplicativo acessar dados de localização.
Mais tarde, quando esse aplicativo for atualizado automaticamente, ele poderá se tornar mais agressivo e menos cuidadoso na forma como coleta e trata informações – levando a um ponto em que o usuário não sabe quais dados estão sendo coletados e como estão sendo usados.
De fato, 44% dos entrevistados ficaram surpresos ao descobrir que estavam fornecendo dados de localização a um número maior de aplicativos do que sabiam.
Isso não quer dizer que esse cenário está acontecendo o tempo todo. No entanto, é claro que isso pode acontecer – e os consumidores têm uma percepção inexata dessa possibilidade. Então, o que eles estão fazendo sobre isso?

Gerenciamento de privacidade

É muito confuso, consome muito tempo e é muito difícil gerenciar as configurações de dados de localização. Sessenta e nove por cento dos entrevistados acham que não conseguem retirar facilmente o acesso ou alterar as preferências de privacidade do local na maioria das vezes.
Quando as pessoas sentem que as opções oferecidas se tornaram excessivamente complexas, elas buscarão sua própria solução para gerenciar a privacidade.
Trinta e cinco por cento das pessoas pesquisadas encerram completamente o compartilhamento de local.
No mundo da definição de interfaces de usuário sem atrito, essa é a opção que faz mais sentido. É mais provável que um usuário leia os termos e condições a cada atualização, verifique novamente as permissões e analise os menus para definir as coisas da maneira que desejam para cada aplicativo que possuem?
Ou eles vão usar um interruptor simples que bate a porta em todos os dados – permitindo apenas que ele abra brevemente quando eles não têm outra escolha?

Construção de confiança

Controle e transparência são os primeiros passos na construção da confiança do consumidor no compartilhamento de dados de localização.
Como comentado, apenas 20% das pessoas sentem que têm controle total sobre sua localização – as interfaces e as divulgações tornam opaca a troca de informações.
Setenta por cento permitiriam o acesso se pudessem alterar mais facilmente suas configurações, retirar o acesso e excluir seu histórico sob demanda.
Essa mesma ideia – empoderamento aumenta a disposição para compartilhar – também se aplica à transparência. Setenta e cinco por cento dos consumidores não têm clareza sobre o que acontece com seus dados depois que um aplicativo os coleta.
De 65% a 68% dos usuários disponibilizariam acesso de forma aberta e voluntária se soubessem por que esses dados são necessários, o que é usado, como são protegidos e que podem ser apagados sistematicamente.
O fato que surpreende é que os consumidores estão mais dispostos a compartilhar dados quando há um benefício claro e evidente.
Isso é demonstrado pelos entrevistados que desativam o compartilhamento de local como padrão, mas o ligam quando precisam fazer um passeio, encontrar ingressos de cinema ou mapear uma rota para um restaurante.
À medida que nossa era digital continua, esses tipos de serviços se tornarão onipresentes. Os drones precisarão nos encontrar para entregar nosso almoço enquanto ainda está quente. Carros autônomos precisarão saber onde estamos, para onde estamos indo e precisarão ser pagos para nos levar até lá.
Os serviços precisarão de comunicações máquina-a-máquina em tempo real e, quando estiverem envolvidos dados pessoais, as pessoas precisarão de meios simples e transparentes de controle de quais dados são compartilhados nessas comunicações.
Caso contrário, estamos fechando a porta do futuro do mundo autônomo.


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