UBERLÂNDIA
A ideia do Pesa Fácil veio da própria experiência de seu fundador, Eduardo Mamede, que é pecuarista em Canápolis (MG). “Minha família tem mais de 100 anos de agronegócio”, afirma o empreendedor.
Com técnicas de visão computacional e inteligência artificial, o aplicativo consegue estimar o peso de um animal a partir de foto do celular.
Ele é útil principalmente para o pequeno produtor, já que uma balança bovina pode custar R$ 25 mil. Segundo Mamede, 90% dos criadores não têm acesso ao equipamento.
“As agtechs (startups voltadas ao agronegócio) vivem um momento especial”, disse. “O campo é muito carente de tecnologia.”
Eduardo Mamede é formado em marketing, com pós-graduação em gestão. Seu sócio, Vitor Vilela, tem mestrado em mecânica computacional pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Criado em 2014 em Uberlândia (MG), o Pesa Fácil recebeu R$ 90 mil do Sebraetec para desenvolver as primeiras versões do aplicativo e para renovar seu site.
O programa de consultoria tecnológica do Sebrae pode subsidiar de 70% a 80% de um projeto de inovação.
Recentemente, a startup foi selecionada para o programa de aceleração Creative Startups, da Samsung.
Criação de startups
O Pesa Fácil é uma das startups surgidas na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Segundo levantamento do Sebrae, Uberaba tem 183 startups, Uberlândia 120 startups e Patos de Minas 15.
Outra agtech surgida em Uberlândia é a Alluagro, plataforma de aluguel de máquinas agrícolas.
“Minha família toda é de agro”, afirma Marco Aurélio Chaves, cofundador da startup. “O mercado de locação agrícola é desorganizado e amador.”
Dessa constatação surgiu a iniciativa de criar a Alluagro, em 2016. No ano passado, a empresa foi selecionada para o programa de aceleração da ACE.
Uberlândia tem um movimento forte de startups, que começou a ser apoiado pelo Sebrae em 2006. Segundo o consultor Ariel Sanchez, uma das necessidades atuais do ecossistema é fomentar o investimento pós-aceleração.
“Uma das parcerias é com o Grupo Algar, que tem a Algar Ventures”, afirmou Sánchez. “Outra é com a Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais).”
O Sebrae também promove um esforço de internacionalização das empresas tecnológicas da região.
A aposta em startups faz parte da política pública da cidade.
“Empresas de tecnologia criam empregos de alto valor agregado”, destacou Dilson Dalpiaz, secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo de Uberlândia. “O salário médio é de R$ 5 mil. Em 10 anos, queremos formar 21 mil desenvolvedores de software.”
A iniciativa Uberhub Code Club oferece treinamento em programação para jovens de 14 a 18 anos. A primeira turma começou no mês passado.
Em agosto, Uberlândia vai promover a segunda edição do Congresso Internacional de Tecnologia, Inovação, Empreendedorismo e Sustentabilidade (Cities). A expectativa é receber 5 mil pessoas.
Empreendedorismo
Apesar da força das agtechs, as startups da região não se restringem ao agronegócio. Fundada há dois anos, a Reaver, de Patos de Minas, oferece serviço automatizado de análise e recuperação de crédito.
Já a Kea Tech, de Uberlândia, oferece uma nova técnica de confecção de guias cirúrgicas para implantes dentários. A tecnologia foi patenteada nos Estados Unidos, Canadá e Austrália.
A técnica foi criada por três dentistas em 2006. A Neppo TI desenvolveu o sistema de planejamento de implantes. “Antes disso, eles precisavam usar três softwares”, explicou Leonardo Borges, consultor de tecnologia da Kea Tech e diretor de produtos da Neppo TI.
A empresa recebeu aporte de R$ 30 mil do Sebratec para automação de alguns dispositivos.
- O jornalista viajou a convite do Sebrae Minas