‘O corporate venturing começa errado no Brasil’

Cooperação permite compartilhar esforço de gestão no corporate venturing / Divulgação
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Cooperação permite compartilhar esforço de gestão no corporate venturing / Divulgação
Cooperação permite compartilhar esforço de gestão no corporate venturing / Divulgação

As empresas brasileiras começam a descobrir – e explorar – o conceito de corporate venturing.

Vários casos recentes mostram corporações de grande e médio porte que alocam recursos para empresas nascentes, assim como fazem os fundos de venture capital.

Esse modelo de investimento é interessante quando bem feito.

Para grandes companhias, tem como vantagens aumentar sua capacidade de inovação e possibilitar que elas entrem em novos negócios e convivam com outras tecnologias e mentalidades.

A relação também costuma ser benéfica para as startups, principalmente por alavancá-las comercialmente.

Mas, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, o corporate venturing é um movimento recente e já começa errado no Brasil.

Montante investido

Marcelo Wolowski, da BZPlan / Divulgação
Marcelo Wolowski, da Bzplan / Divulgação

Recentemente a National Venture Capital Association (NVCA) divulgou as estatísticas de investimento do segundo trimestre no mercado norte-americano.

O estudo mostra que as empresas realizaram 590 investimentos no ano de 2017, sendo que:

  • 92 foram realizados com investidores-anjos,
  • 271 com fundos de investimentos de early-stage (focado em empresas em estágio inicial de desenvolvimento), e
  • 227 com fundos de investimentos de late-stage (entre o venture capital e o private equity).

No total, foram investidos US$ 14,5 bilhões, que representam investimento médio de US$ 24,5 milhões em cada negócio.

Enquanto isso, as empresas brasileiras erram ao preferir investir baixos volumes de capital em seus programas inovadores.

Não são raros projetos de inovação que oferecem às startups valores de R$ 100 mil a R$ 300 mil. Esse volume de dinheiro não é suficiente nem para pagar o salário das pessoas do departamento de fusões e aquisições da empresa.

Os brasileiros falham também ao realizar os investimentos isoladamente, sem parceria com investidores-anjo, fundos de investimentos ou mesmo aceleradoras.

Cooperação

Assim, não há expertise nem dedicação exclusiva ao corporate venturing. A cooperação permite às empresas compartilhar esforço de gestão, que normalmente é reduzido e com pouca capacidade de acompanhamento dos investimentos realizados.

Já as multinacionais que fazem esse tipo de aporte no Brasil aplicam o modelo norte-americano, investindo com a ajuda de quem já tem experiência na área.

Ao investir via fundo, por exemplo, as grandes empresas podem escolher entre as startups já mapeadas pelos gestores e todo o trabalho operacional pode ser delegado à gestora de fundos, que terá profissionais com mais tempo e know-how no mercado de investimentos.

Não espero que as empresas brasileiras venham a realizar investimentos com montantes de dinheiro tão vultosos quanto as norte-americanas.

Acredito é que o sucesso virá a partir do investimento de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões numa única empresa em parceria com outros agentes do mercado, em vez de realizar uma seleção de 10 startups que venham a receber R$ 300 mil, sem a dedicação necessária ao processo.

Dessa forma, o corporate venturing pode realmente fazer a diferença para o ecossistema de startups e ao mercado de investimentos do país.

  • Marcelo Wolowski é sócio-diretor da Bzplan

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