Como criar uma campanha de crowdfunding de sucesso

A cafeteira Aram bateu a meta da sua campanha de crowdfunding em menos de 24 horas / Divulgação
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A cafeteira Aram bateu a meta da sua campanha de crowdfunding em menos de 24 horas / Divulgação
A cafeteira Aram bateu a meta da sua campanha de crowdfunding em menos de 24 horas / Divulgação

O financiamento coletivo, também chamado crowdfunding, conquistou um espaço importante no Brasil, ao permitir que inventores, artistas, empreendedores e escritores tirem suas ideias do papel.
Com a finalidade de formar comunidade, fazer pré-venda de produtos, chamar a atenção das pessoas ou testar o mercado para novas ideias, a prática de captar dinheiro para um projeto por meio de uma rede de apoiadores tem ganhado adeptos no País.
Em 2015, os dois maiores sites de financiamento coletivo do Brasil, Catarse e Kickante, colocaram mais de 19 mil campanhas no ar e arrecadaram cerca de R$ 31 milhões.
A taxa administrativa dessas plataformas ficam entre 12% e 17,5% do total captado para as campanhas, dependendo do tipo de projeto.
Em 2016, a expectativa é que esses números sejam maiores. Com a crise econômica e a diminuição de patrocínio e investimento em projetos, o crowdfunding se tornou uma alternativa para negócios que desejam lançar um produto, ou ainda uma maneira barata de fazer pesquisa de mercado para entender se o produto vai ter aceitação.

Design brasileiro

A Aram, cafeteira portátil que não precisa de eletricidade ou filtros, bateu a meta de R$ 35 mil da sua campanha de financiamento coletivo em menos de 24 horas. Ela leva o sobrenome do seu criador, Maycon Aram.
Desde o início a ideia foi criar a cafeteira para ser lançada via financiamento coletivo. Não é o primeiro produto da empresa. O empreendedor esperou alguns anos até que o método ganhasse mais adeptos no Brasil.
Juca Esmanhoto, barista e sócio do Rause Café + Vinho, uma premiada cafeteria do país, tornou-se parceiro do projeto para testar as diferentes pressões empregadas na manivela que passa o café, permitindo diferentes resultados de aroma e sabor para cada tipo de grão utilizado no produto.
O financiamento vai ajudar a cobrir os gastos com o desenvolvimento do produto e testar a força da cafeteira no mercado. “Com o retorno dos apoiadores, faremos alguma modificações para lançar um produto melhor”, diz Aram.
Para a divulgação do projeto no Catarse, foi publicado um vídeo que explica o funcionamento da cafeteira. Os empreendedores também apresentaram pessoalmente a cafeteira para algumas pessoas importantes do mercado de café. Foi assim que começou a divulgação do produto.

“Foi com pequenos parceiros e nossa rede de amigos que conseguimos bater a meta em menos de 24 horas e, em 7 dias, já estamos com 300% da meta alcançada”, explica Aram. “Agora temos certeza que de nosso conceito é bem assimilado pelo público, o que nos dá base para os próximos produtos que lançaremos no ano que vem”.
A campanha de financiamento da cafeteira pode receber colaborações até 17 de novembro. Até o momento, arrecadou mais de R$ 120 mil.

Livro independente

Livro 'Fora do Tom' / Reprodução
Livro ‘Fora do Tom’ / Reprodução

O escritor Tom Cardoso, que tem quatro livros publicados por grandes editoras, resolveu neste ano partir para seu primeiro financiamento coletivo.
Cardoso começou a publicar crônicas em seu perfil do Facebook. Depois que o ex-ministro da educação Renato Janine Ribeiro compartilhou uma de suas publicações, ele ganhou mais de 3 mil seguidores num dia.
Os amigos de Tom acharam uma ótima oportunidade para tentar um crowdfunding.
O livro Fora do Tom: Crônicas de um jornalista de cueca ultrapassou em 28% a meta de R$ 15 mil em junho deste ano, pela plataforma Kickante.
Com o valor arrecadado, o escritor imprimiu 700 livros, e enviou 300 para os apoiadores da campanha e os demais foram vendidos para a sua rede de contato.
“A campanha acabou criando um público para mim, alguns apoiadores fizeram a divulgação boca a boca”, diz Cardoso.
Apesar de ter de gerenciar todas as etapas do projeto, desde a divulgação até a distribuição, o escritor ficou com mais de 10% da venda de cada unidade do livro, um percentual maior do que o oferecido pelas editoras.
Em sua segunda campanha, para o livro Fora do Tom: Crônicas de um jornalista de cueca 2, a estratégia é apostar no público conquistado com um volume maior de textos e interações nas redes sociais, motivando-o a compartilhar o link do projeto.
Faltam 36 dias para o final da campanha, e o autor já arrecadou dois terços do valor total do projeto.
Segundo o Kickstarter, se uma campanha atingir 30% da meta nas primeiras semanas, há uma chance maior de chegar a 100% até o final da campanha.
A explicação é que os 30% iniciais conseguem maximizar o alcance da campanha e, ao conhecer o projeto, um futuro apoiador se sente otimista em ver que os números vão bem. Isso pode gerar uma onda de contribuições.

Como fazer

O Kickante mantém um site com informações para quem pretende apostar no modelo de financiamento coletivo e explica algumas regras importantes para o sucesso de uma campanha:

1. Pesquise a ideia

Verifique se ela possui um diferencial ou algo especial que os consumidores vão querer;

2. Investigue o público-alvo

Em que canais está seu público? Ele tem conexão com campanhas de crowdfunding ou hábitos de navegação para acompanhar seu projeto?

3. Estabeleça presença digital

Construa um site, contas em redes sociais ou blog e verifique a audiência para saber se existe o interesse pelo seu produto.

4. Cuide das recompensas

Muitas vezes os apoiadores têm um interesse maior na recompensa do que na própria campanha. É preciso planejar com cuidado os itens que serão oferecidos para todas as faixas de valor de contribuição. Adicionar novas recompensas ao longo do projeto também contribui para aumentar o interesse do público.

5. Construa seu público

Quanto mais interesse sua campanha ou seu produto geram, maiores as chances de sucesso.


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