IBM: ‘Cibercrime é a máfia do século 21’

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Cibercrime: Limor Kessem é especialista em segurança para cibercrimes da IBM / Mariana Lima / Inovajor
Limor Kessem é especialista em segurança para cibercrimes da IBM / Mariana Lima/inova.jor

O cibercrime é a máfia do século 21, e o Brasil deve ser o país mais afetado por esse tipo de delito nos próximos anos. A informação faz parte de um relatório da IBM sobre segurança cibernética.
O Brasil lidera a lista dos países com maior probabilidade de sofrer violação de dados nos próximos dois anos, com 40% de chances. África do Sul (33%), França (32%) e Índia (31%) também estão no ranking.
Atualmente, a IBM estima que o mundo perca US$ 445 bilhões anuais com crimes cibernéticos. O Brasil tem perdas anuais estimadas em US$ 8 bilhões.
Na América Latina, o Brasil é o principal alvo. Aqui, a prática mais comum é o phishing, um modelo de fraude eletrônica em que o criminoso engana o usuário para roubar dados pessoais e bancários.
De modo geral, os brasileiros comumente são vítimas de um tipo específico de malware, chamado janela. Nesse tipo de golpe, criminosos criam falsos sites, como bancos e lojas virtuais, para roubar dados financeiros.

Aspectos culturais

Limor Kessem, especialista em ciberinteligência da IBM Security, acredita que aspectos culturais dos brasileiros faz o País liderar o ranking dos mais atacados.
Para Kessem, o crescimento recente do acesso à internet, o tamanho da população e o uso constante de aparelhos celulares sem os devidos aparatos de segurança colaboram para o alto índice de ataques.
“O cibercrime no Brasil possui ainda uma característica muito peculiar e única que é misturar o meio digital e o físico”, diz a especialista. “Aqui é comum que as pessoas recebam ligações supostamente de instituições financeiras, que roubam dados fornecidos por clientes desavisados. Em nenhum outro país isso ocorre.”
Segundo a executiva da IBM, o cibercrime brasileiro possui relações com máfias de vários outros países. O estudo estima que pelo menos 80% do cibercrime são formados por grupos bem instruídos e mal intencionados do crime organizado.
“Os criminosos querem ganhar dinheiro rápido e sem esforço, por isso têm buscado cada vez mais parcerias e novas técnicas. O Brasil possui parcerias com máfias de todo o mundo e isso acontece mesmo sem que os criminosos daqui saibam ao menos falar inglês. Eles comumente usam o Google Tradutor para se comunicar”, explica.
A possibilidade de ataques cibernéticos nos jogos olímpicos no Rio de Janeiro tem ampliado a discussão sobre a segurança cibernética do País.
O estudo da IBM confirma que a possibilidade de aumento da quantidade de ataques, principalmente porque criminosos terão acesso a um público maior com médio a alto poder aquisitivo.
Apesar disso, a especialista crê que os ataques não serão feitos por novos meios, mas haverá um fortalecimento nos tipos já praticados no Brasil.
“Devemos ver um crescimento de phishing, sites maliciosos de comércio eletrônico (oferecendo principalmente objetos da Olimpíada, como camisetas), aplicativos falsos para celulares, clonagens de cartões e o que chamamos de blackhat SEO, em que sites usam palavras-chaves para direcionar o tráfego de busca a sites infectados”, explica Kessem.

Aprendizado

A especialista da IBM dá algumas dicas de segurança para evitar cair em fraudes:

  1. Não clicar em links enviados por email. “Os criminosos precisam de ajuda para conseguir roubar dados. As pessoas não devem colaborar com eles nisso”, alerta a especialista da IBM.
  2. Usar apenas conexões de wi-fi seguras e conhecidas.
  3. Não carregar o celular nem usar o wi-fi em lugares com grande circulação pública, como aeroportos;
  4. Lembrar que nada é de graça na internet. “Não se deixe levar por falsos brindes e promoções”, diz.

Apesar de o momento nada animador para a segurança de dados, a especialista acredita que o mundo está vivendo uma nova fase de aprendizado.
“Agora precisamos focar em ensinar à nova geração a linguagem da cibersegurança. Hoje já explicamos a uma criança que ela não deve falar com estranhos ou que é preciso olhar para os lados antes de atravessar a rua. Por que não ensinar o que é um malware e como ele impacta nas nossas vidas?”, questiona.


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