Luciana Hashiba, gerente de Inovação da Natura, conta que as visitas ao ecossistema brasileiro de startups começaram em 2014.
“Com o conceito de inovação aberta, trabalhamos cada vez mais em rede, com um olhar de empreendedorismo cada vez mais forte”, explica Hashiba.
A inovação aberta ganhou força neste século, com a publicação do livro homônimo do professor Henry Chesbrough, da Universidade da Califórnia em Berkeley, em 2003.
Até então, a ideia das grandes empresas era desenvolver novos produtos e processos internamente. A inovação aberta mostrou que, por meio de parcerias com clientes, fornecedores, centros de pesquisa e universidades, era possível acelerar o processo e reduzir gastos.
No caso das startups, a ideia é ter acesso a tecnologia que acaba de chegar ao mercado e também se beneficiar da agilidade característica das empresas iniciantes.
“Decidimos que, neste momento, não faremos investimentos financeiros nem lançaremos uma aceleradora”, afirma a gerente da Natura. A plataforma Natura Startups serve para identificar empresas iniciantes que possam ser fornecedoras da companhia.
Projetos-piloto
Há dois anos, a equipe da Natura visitou 28 incubadoras, parques tecnológicos e aceleradoras, e identificou cinco startups que tinham a ver com a sua atuação. Especializada em inteligência educacional, a Já Entendi, de Curitiba, desenvolveu cinco projetos para a Natura, em pouco mais de um ano.
Um dos projetos foi desenvolver treinamentos presenciais e à distância para a área comercial da Natura. Em outro, participaram outras duas startups porto-alegrenses, a Allevo e a Goga. Elas criaram um box interativo para a área de treinamento do Espaço Natura Bem Perto, em Porto Alegre.
As atividades da Natura antes de formatar seu projeto de startups incluíram duas maratonas de prototipação (hackathons). No ano passado, a empresa fechou uma parceria com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).
O Natura Startups cadastra empresas que atuam nas seguintes áreas:
- tecnologias relacionadas a cadeia de fornecimento de ingredientes naturais;
- embalagens e formas de aplicação que possibilitem experiências diferenciadas ao consumidor;
- tecnologias que ampliem a experiência de bem estar dos consumidores com produtos e serviços da Natura;
- tecnologias verdes e materiais de embalagem com menor impacto ambiental;
- novos ingredientes cosméticos e ativos da biodiversidade brasileira; e
- tecnologias em formulações cosméticas como emulsões, tensoativos, proteção solar, óleos e emolientes
“Atualmente, temos projetos com 13 startups”, afirma Hashiba. “Trabalhamos com inovação aberta há mais de 10 anos. Não adianta ter um ecossistema separado. É preciso ter um ecossistema de inovação que inclua startups.”
Uma das exigências do programa é que as startups já tenham um produto mínimo viável. Ou seja, quem está na fase das ideias ou com uma grande mudança em curso (o que o mercado chama de “pivotar”) ainda não está pronto para participar.
Para captar ideias, a empresa tem outros programas, como o Campus.