O blockchain, tecnologia por trás da moeda virtual bitcoin, é a aposta de grandes instituições financeiras para combater fraudes e reduzir o custo das transações.
Nos Estados Unidos, a Depository Trust & Clearing Corporation (DTCC), entidade responsável pelo sistema de compensações das bolsas, convocou toda a indústria para criar um padrão baseado no blockchain.
Na Europa, a International Securities Association For Institutional Trade (ISITC), associação do setor de serviços financeiros, fez em Londres a primeira reunião do Grupo de Trabalho sobre Blockchain, para discutir seu potencial principalmente para pagamentos e câmbio.
Mas qual é a vantagem do blockchain? A tecnologia funciona como um livro de registros e acaba com a necessidade de uma autoridade central, como uma câmara de compensação.
No lugar de serem armazenadas num único servidor, as transações eletrônicas são registrados em milhares de computadores pelo mundo, chamados “nodes”. Isso protege o sistema de fraudes, pois todos esses registros estão sempre sincronizados.
Para o usuário, as taxas tendem a ser menores. As instituições financeiras apostam em corte de gastos, com uma redução projetada de US$ 20 bilhões anuais em despesas com infraestrutura em 2022.
“A indústria tem uma oportunidade única para reinventar e modernizar sua infraestrutura e resolver desafios operacionais de longa data”, disse à Wired o presidente da DTCC, Michael Bodson.
Corrida pelo blockchain
Nesta semana, a empresa Overstock.com recebeu aval da Securities and Exchange Commission (SEC), comissão de valores mobiliários norte-americana, para emitir ações usando o blockchain, o que precedente para novas empresas fazerem o mesmo.
A bolsa eletrônica Nasdaq já anunciou que adotará um sistema baseado no blockchain para registrar transações com ações de empresas de capital fechado.
O Tesouro do Reino Unido também vê com bons olhos o uso da tecnologia. Os serviços financeiros respondem por 12% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2 trilhões de libras do Reino Unido. Desse total, as chamadas “fintechs”, empresas de tecnologia que atuam no setor financeiro, geram 20 bilhões de libras.
Para incentivar essa indústria, o Reino Unido apresentou à Comissão Europeia sugestões para apoiar as “fintechs”. Entre elas estão a mudança da legislação para evitar a restrição de crescimento e inovação em temas ligados à tecnologia, evitar o excesso de regulamentação sobre carteiras de moedas digitais e a regulamentação de transações de valores por meio do blockchain, para evitar lavagem de dinheiro.
Contraditoriamente ou não, a tecnologia que nasceu para proporcionar uma versão puramente “peer-to-peer” do dinheiro, sem a interferência de instituições financeiras ou de bancos centrais, tem atraído e fascinado cada vez mais os grandes atores da economia mundial.